junho 22, 2015

Állison de Souza: Singulares


Há dois anos atrás, eu amei uma garota. Foi uma paixão devastadora que fez meu sangue virar lava e derreter todo meu organismo em uma poça escarlate.

E eu não me sinto envergonhado ao dizer que também amei um garoto. Talvez ainda o amo.

E vou amar ainda mais.

Garota ou garoto, olhos esverdeados ou castanhos, cabelos lisos ou encaracolados, pele clara ou escura, católico ou evangélico, asiático ou europeu, gordo ou magro ou qual for a perfeição do indivíduo que atiçar meu sangue a virar um líquido borbulhante.

O mais engraçado de tudo é falar que o amor virou clichê. Que frases com versos doces, palavras brilhando como estrela e olhos lacrimejando são sentimentos que somente os fracos são portadores.

Mas eu posso dizer uma coisa com aboluta certeza: o clichê só se tornou o que é hoje por ser uma afirmação tão verdadeira e repetida que se torna insuportável pronuncia-la nos dias de hoje.

Isso é uma história, mas também é um relato.

Isso é um texto, mas também um diário.

Não sou gay. Não sou hétero. Não sou bissexual.

Eu sou humano. Tenho sentimentos e desejos. Vivo pelo amor material ou imaterial.

Carrego dores e alegrias.

Transporto culpa e prazeres.

Criei minha própria mitologia para viver em um mundo onde ser quem você é pode invocar o ódio daqueles que carregam apenas uma moldura e abrigam dentro dela tudo o que necessitam ser, mas o medo os forçou a oprimir.

Não amo gêneros e aparências. Rótulos ou estereótipos. Religiões ou etnias.

Eu amo, além de mim mesmo, a singularidade que os olhos alheios atingem meu coração.

E, se amo a mim mesmo, preciso ser quem eu sou. Preciso viver minha própria realidade e acolher a perspectiva do próximo como um novo e diferente fato, porque todos somos diferentes.

Todos somos singulares.

Todos somos importantes.

Todos possuimos nosso próprio mundo, o piso que nos sustenta e o teto que nos protege.

E, se um dia o piso rachar ou o teto cair, lembre-se que você viveu o que você gostaria de viver e não o que a sociedade desejaria que você seguisse.

Afinal de contas, você é único.

Afinal de contas, aparências não são importantes.

Afinal de contas, o que você sente/deseja/precisa/quer/busca é a única realidade essencial.

Porque, eu preciso lhe dizer, você é um humano.

E, preciso lhe contar, você precisa ser feliz.

E, preciso lhe afirmar, você nasceu exatamente como todos os outros e morrerá exatamente da mesma forma que os demais. Então por que ser igual? Por que seguir um padrão? Por que agradar alguém que não conhece a verdadeira fonte estimuladora da sua felicidade?

Para alcançar a verdadeira humanidade bastar ser quem você é e alegrar-se com a variedade de mitologias que sempre cercarão a sua volta.

Por esse motivo, eu me banho na alegria de ser humano.

Állison de Souza

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