junho 22, 2015

Anverton Fortunato: Enigma da minha realidade


Enigma da minha realidade... 12 para 13 anos, foi aí que tudo começou, pré-adolescência, mudanças no corpo e muitas, muitas dúvidas. Por que meu corpo está crescendo? Pra que barba? E essas dúvidas desencadearam o gosto por pessoas do mesmo sexo que o meu. Até então tudo bem, se não fosse o fato de ter que guardar tudo isso só para mim...
 A parte mais difícil foi o colegial, vivi uma grande mentira, pois não sabia que um gesto de amor por uma pessoa do mesmo sexo poderia me perseguir por toda a vida. Onde quer que eu fosse sempre tinha alguém para me apelidar, a lista era enorme (bixa, boiola, veado, delicado...), enfim, não foi fácil, mas com o passar dos anos consegui conviver com isso.

Os anos se passaram me tornei um jovem adolescente, mas meu gosto ainda não tinha mudado, e muitas vezes cansado dos apelidos, brincadeira de mau gosto eu tinha vontade de sumir, morrer, (MORTE, essa palavra rondou muitas vezes meu pensamento), procurava um lugar distante de tudo e todos, e era lá que eu desabafava comigo mesmo (até porque só tinha a mim). Quantas vezes eu chorei por ser eu? Por que tinha que ser sempre o estranho? Por que eu não podia ser normal como todo mundo? Pois bem, foi aí que eu percebi que eu era normal, apenas tinha um gosto diferenciado e foi isso que me tornou diferente de todos. Então comecei a ligar menos para os outros e mais para mim, e depois disso as coisas foram se ajeitando.

Assim que completei 17 anos de idade, meus pais começaram a desconfiar, pois nunca tinha me relacionado com uma menina, como minha família era uma daquela “Tradicional’’ homossexual dentro de casa era uma coisa que não podia existir. Depois de mais alguns tempos, eu abri o jogo para minha família, após uma série de perguntas e conselhos, eu me levantei e saí. Aquela quarta-feira não foi apenas mais uma quarta-feira, foi o dia da minha “liberdade”.

Hoje eu olho para trás e penso, será que valeu a pena? Bom, lutei pelo o que eu queria, mas ainda só não entendo, qual é a diferença entre um negro e um branco, rico e o pobre, o gay e o hétero. Pois é, diferença física não há, o que acontece é que muitas vezes a sociedade condena determinados atos e é aí que entra o famoso preconceito, preconceito esse banal, fútil que faz nós nos encontrarmos as escondidas, para não sermos linchados. Que faz nós não agirmos como namorado em frente das outras pessoas.

Que faz de nós leprosos por ser apenas homossexuais. Fugir do pré-conceito, correr, desviar caminho, se esconder para não apanhar, disfarçar para a sociedade, nada disso importa mais, pois, meu objetivo é ser feliz. Então vou lutar pela minha felicidade, que com certeza será o sorriso de muitas outras pessoas..

Anverton Fortunato

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